Histórias de natal e outras tristezas
Dezembro
costumava ser meu mês favorito do ano, eu tenho adoração pelo clima natalino,
enfeites, confraternizações, encontros, desencontros e presentes. Celebrar e
estar por perto de quem eu amo. Também tenho um apreço pelo caos, a inquietude
das organizações, do estresse pelo amigo invisível, gosto de tudo, de tudo
mesmo, dos filmes clichês, do clima chuvoso e nostálgico, se eu pudesse,
viveria o natal em todas as suas nuances e me deleitaria repetidas vezes sem
enjoar. Mas é o meu segundo natal sozinha (emocionalmente falando) em anos, e
particularmente acho uma desgraça ser só. A vida da mulher só é uma vida muito
desgraçada, há quem adore, eu odeio com muita profundidade.
Certa
vez durante um natal, muito apaixonada, por volta das duas da manhã, o rapaz
que eu me relacionava entre idas e vindas, bateu aqui em casa e nós fomos
terminar a noite num motel. Que tipo de pessoa miserável passa o natal no
motel? Eu já fui essa pessoa. No meu antigo relacionamento em nove natais eu só
escolhi duas vezes onde passar o natal (na minha casa e uma na casa do meu
irmão), sempre cedia meus natais para o meu então parceiro que não podia passar
o natal longe da mãe em nenhuma hipótese, nove malditos anos em que a única vez
que meu parceiro topou passar o natal ao meu lado por minha escolha, passou a
noite tristíssimo ao telefone com a mãe e com a irmã que ficaram chorando
pitangas por estarem sozinhas morando em outra cidade.
Eu poderia me estender aqui e divagar de muitas maneiras sobre esse sentimento que pulsa em uma data que é tão especial pra mim, mas o meu único desejo a quem chegou até o final desse texto medíocre é que tenha um excelente natal entre os seus, celebrem, vivam isso, aproveitem mesmo, o natal costuma operar milagres, vejam, eu até me dignei a escrever esse texto depressivo em anos, tem quanto tempo que isso não acontece?

Comentários